A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal terminou, no passado domingo, a sua participação na I Exposição Económica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa (C-PLPEX) e na 28.ª MIF – Feira Internacional de Macau. O evento decorreu entre os dias 18 e 22 de outubro e a AJAP não tem dúvidas: a aposta no grande mercado chinês (e asiático) deve ser uma prioridade económica para os países lusófonos com oportunidades ímpares para os setores agrícola e agroalimentar.
A AJAP, que se fez representar por Henrique Silvestre, Vice-presidente da Direção, e Firmino Cordeiro, Diretor-Geral, contou com um stand próprio onde, além de dar a conhecer os serviços e atividades da associação, promoveu junto do mercado asiático alguns produtos e sabores portugueses.
“Para esta edição esperávamos mais novidades, mais empresas e produtos em exposição. Esta foi a primeira edição depois da Covid-19. E, tendo em conta que já participámos noutros eventos após a pandemia, sentimos sempre, em todos eles, enorme vontade de comemorar a vida, de retomar contactos, negócios e até de rever amigos. Infelizmente, não sentimos o mesmo nesta edição de 2023 da MIF/C-PLPEX”, considera Firmino Cordeiro.
Todavia, garante, “estamos convencidos que algumas mexidas possam vir a acontecer, uma vez que a AJEPC – Associação de Jovens Empresários Portugal-China, tem demonstrado essa capacidade de se mobilizar e animar todo o evento”.
Foi notório neste certame uma forte presença de expositores dos setores da Agricultura e Agroalimentar, igualmente do interesse dos visitantes profissionais que os procuravam, bem como do público em geral, que pôde adquirir e degustar muitos produtos.
Neste sentido, o Diretor-Geral da AJAP sublinha: “se o setor primário tem sido importante para o mundo nas últimas décadas, vai seguramente ter mais importância, uma vez que as alterações climáticas têm modificado bastante algumas geografias e aptidões agronómicas, de vastas regiões do globo. Se associarmos este tema aos cenários de guerra que estamos a atravessar, com consequências no imediato (as de longo prazo podem ser bem mais pesadas), como seja os aumentos dos custos com a energia, produtos fertilizantes, subidas enormes dos produtos alimentares à escala global, fazendo aumentar a fome e o número daqueles que não conseguem produzir para comer”.
Por isso, vinca Firmino Cordeiro, “é fundamental, e sem qualquer tipo de fundamentalismo ideológico, que neste tipo de Fóruns e noutras ações, possamos sensibilizar os nossos maiores decisores para estas questões”.
“Vivemos um Mundo quase sem estratégia, sem rumo, e de alguns que são tomados, poucos são aqueles que se preocupam com a estabilidade das pessoas e com o seu bem-estar. Assistimos a conflitos e migrações como nunca se verificaram, estamos a sobrecarregar regiões (grandes metrópoles urbanas), e estamos a deixar cada vez mais áreas desertas neste planeta, que é de todos nós”, lamenta.
Afinal, qual é a estratégia?
“O Presidente da AJEPC, Alberto Carvalho Neto, o também grande ausente desta edição, tem feito o seu melhor esforço, e tem dado passos muito certos, por exemplo, ao envolver desde há algumas edições, não só empresas portuguesas a participar na C-PLPEX, como também ao criar o ambiente para que a Feira pudesse estar associada a uma plataforma interativa”, afirma Firmino Cordeiro.
É cada vez maior o número de países que fala português às portas da China. E este cenário é impulsionado pelas relações comerciais com a União Europeia, num ambiente muito familiar, entre ‘países irmãos’, próximos e tantos outros, atentos ao que se vai e vamos fazendo às portas deste enorme país, a China.
Firmino Cordeiro refere que o conjunto dos países da CPLP – Comunidade Empresarial dos Países de Língua Portuguesa “têm ainda muito a dar ao mundo em várias áreas. Com bons olhos assistimos a um seminário organizado pela CE-CPLP nesta edição da C-PLPEX 2023”.
Têm-se assistido ao crescimento, nos últimos anos, das exportações de produtos agrícolas destes países (se os somarmos todos), para o resto do mundo.
“Somos de opinião que ainda podemos fazer muito mais do que estamos a fazer. Se o Brasil (o grande responsável por estes números), através dos seus empresários bem como de Portugal, em parceria com os agricultores desses países (Angola, Moçambique, Guine Bissau, São Tomé e Cabo Verde), estiverem motivados e devidamente acarinhados, será possível colocar paulatinamente esta comunidade de países num lugar de ‘charneira’ na produção de alimentos e, por que não dizer, de outros recursos naturais”, antevê o Diretor-Geral da AJAP.
Assim, insiste Firmino Cordeiro, é fundamental continuar a alertar os responsáveis destes países a assumirem mais compromissos com os seus empresários, com os seus jovens para que possam ir desenvolvendo as suas iniciativas e as suas startups.
“Queremos uma AJEPC mais robusta a apoiar o mais possível os seus associados, queremos uma CE-CPLP, mais ativa na reorientação da sua estrutura, para que se coloque verdadeiramente à disposição de todos os empresários. Também contra nós falamos, a AJAP deveria fazer ainda mais, mas tendo todos recursos limitados, e apoios parcos da máquina do Estado, torna-se mais difícil fazer este tipo de missões a estas distâncias e com dificuldades de vária ordem”, afirma o responsável da AJAP.
Contudo, lembra que, mesmo com estes condicionalismos, “devemos estar mais unidos nos grandes propósitos comuns, promover negócios, comercializar produtos e serviços de qualidade, colaborarmos ativamente com os países que falam a nossa língua, enfim, todos temos a ganhar, se a atitude, o arrojo e a vontade de remar para o mesmo lado for ainda maior”.
A AJAP move-se por causas, não só nacionais, como internacionais, e em Macau, a AJAP sempre esteve ao lado da AJEPC. Queremos sempre colaborar para o bem de Portugal, de empresas portuguesas, e até no lançamento de jovens em novos mundos e novos desafios. E esse é talvez o maior desafio que todas as organizações têm: apoiar, apoiar e acompanhar as suas iniciativas, caso contrário todos perdemos.