Entrevista com Eládio Gonçalves, Diretor de Operações em Portugal da Caja Rural del Sur

Na última edição impressa da revista ‘Jovens Agricultores’ da AJAP (n.º 141) damos a conhecer melhor a Caja Rural del Sur, o banco cooperativo espanhol, que chegou a Portugal em 2020, e que conta com escritórios em Faro, Lisboa e Porto. A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal firmou um protocolo de colaboração com a Caja Rural del Sur, em 2022, e desde então têm sido várias as sinergias entre as duas instituições. À margem da apresentação do anuário agroalimentar intitulado ‘Alimental Portugal’, que reúne toda a informação estatística de 2023 do setor, apresentado em dezembro de 2024 pela Caja Rural del Sur, em Lisboa, entrevistámos José Luis García-Palacios, presidente da Caja Rural del Sur, Guillermo Tellez Vázquez, Diretor Geral e Eládio Gonçalves, Diretor de Operações em Portugal. Hoje publicamos a última das três entrevistas, nomeadamente, com Eládio Gonçalves.

Eládio Gonçalves, Diretor de Operações em Portugal da Caja Rural del Sur

“A AJAP tem sido um parceiro essencial”

Desde que assumiu as Operações em Portugal (2020), como tem corrido este desenvolvimento em Portugal?

No dia em que aceitei o convite da Caja Rural del Sur para integrar a equipa em Portugal tive a certeza de que este projeto seria uma grande aposta, arriscada, mas pelo qual valia a pena a mudança na minha vida profissional. Fui, assim, o primeiro colaborador português da entidade. Em conjunto, demos os nossos primeiros passos em Portugal, começando do zero, num país fechado por uma pandemia, onde o nosso nome era desconhecido. Aos poucos fomos avançando, conquistando o nosso espaço, o que nos tem permitido registar um desenvolvimento sustentado e gradual da Caja Rural del Sur naquele que é o seu primeiro país de internacionalização. A nossa aposta nas relações de cooperação com entidades externas, como é o caso da AJAP, continua a ser, no meu entender, o motivo pelo qual o desenvolvimento da Caja Rural del Sur tem sido tão positivo.

Quais as maiores dificuldades e como tem reagido o mercado nacional às soluções da Caja Rural del Sur?

A aceitação do mercado nacional às soluções apresentadas pela Caja Rural del Sur é muito positiva. A nossa aposta passa por apresentar soluções à medida das necessidades do cliente, mas acima de tudo, por dar uma resposta rápida, independentemente se é positiva ou negativa. Acreditamos que no mundo dos negócios os timings são essenciais, pelo que devemos dar às empresas respostas rápidas para que possam tomar as suas decisões estratégicas com a maior brevidade possível. Esta celeridade e a boa relação que estabelecemos com os clientes marcam a diferença.

Quais as regiões e segmentos onde a Caja tem trabalhado mais no País?

A CRSur trabalha de norte a sul em Portugal Continental, de momento ainda não temos clientes nas ilhas, mas espero que esta realidade venha a mudar em breve. Trabalhamos em todos os segmentos, sendo que a nossa maior concentração é o setor agroalimentar.

Como analisa atualmente o setor agrícola em Portugal e que oportunidades existem?

Como sabemos, o setor agrícola é um dos mais importantes para a economia de Portugal e também de Espanha. Tem um grande potencial de crescimento e contribui cada vez mais para as exportações de ambos os países devido à crescente competitividade dos seus produtos nos mercados externos, como são bons exemplos o azeite, o vinho, a amêndoa ou os frutos vermelhos. Este setor é uma parte fundamental do agronegócio, que engloba toda a cadeia produtiva, passando pelos três setores económicos: primário, secundário e terciário. Na minha opinião, o setor agrícola tem sido o que tem registado o maior avanço tecnológico dos últimos anos, sobretudo graças à introdução de novas soluções tecnológicas e a uma forte aposta na inovação, como a utilização cada vez mais eficiente das tecnologias de irrigação e das ferramentas digitais. Por outro lado, também confirmamos que existe uma profissionalização do setor em todas as áreas e que cada vez mais se verifica o interesse de novas gerações pela atividade agrícola nas suas mais variadas áreas, desde a produção à gestão das unidades, o que exige uma qualificação cada vez maior dos seus profissionais. Todas estas variantes juntas levam a que existam cada vez mais oportunidades para que possamos apoiar os projetos na sua fase de implementação, mas também na sua gestão diária. Ultimamente é comum ouvir que agricultura está na moda, eu discordo desta visão. Acredito sim, que finalmente começamos a dar valor ao setor que é vital.

Como correu 2024 e quais as expectativas para este ano? Quantos clientes tem a Caja em Portugal?

Apesar de não ter os números finais, posso adiantar que o ano de 2024 correu melhor do que era a nossa previsão inicial. As mudanças da tendência das taxas de referência também foram positivas para o desenvolvimento do negócio da Sucursal Portugal da Caja Rural del Sur. O número de clientes ainda é pequeno, fechamos 2024 com cerca de 200 grupos empresariais a nível nacional. A nossa intenção é poder vir a dar um serviço mais abrangente no futuro, mas precisamos de ter uma base sólida para poder crescer para outros segmentos e apoiar as empresas nos seus investimentos com responsabilidade, dinamismo e sustentabilidade. O nosso papel, de que muito nos orgulhamos, é ajudar o setor através do financiamento e da procura conjunta das melhores soluções financeiras, pois consideramos que o agronegócio é um investimento cada vez mais diferenciador e com retornos significativos.

A AJAP e a Caja Rural del Sur têm tido uma parceria muito profícua nos últimos anos. Que balanço faz do trabalho conjunto e como analisa o trabalho da AJAP no setor?

A AJAP tem sido um parceiro essencial nesta nossa caminhada. Acreditamos que o trabalho desenvolvido pela AJAP ao longo dos últimos anos é essencial para a defesa não apenas dos Jovens Agricultores, mas de todo o setor em geral. Acreditamos que esta nossa parceria é benéfica para ambos e esperamos que brevemente venhamos a ter soluções específicas para ajudar não apenas os Jovens Agricultores, mas também o Jovem Empresário Rural, com o intuito de gerar cada vez mais riqueza no sistema agroalimentar.

Nota: Entrevista publicada na edição n.º 141 da revista ‘Jovens Agricultores’ da AJAP. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, requer a autorização prévia da AJAP.