Na última edição impressa da revista ‘Jovens Agricultores’ da AJAP (n.º 141) damos a conhecer melhor a Caja Rural del Sur, o banco cooperativo espanhol, que chegou a Portugal em 2020, e que conta com escritórios em Faro, Lisboa e Porto. A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal firmou um protocolo de colaboração com a Caja Rural del Sur, em 2022, e desde então têm sido várias as sinergias entre as duas instituições. À margem da apresentação do anuário agroalimentar intitulado ‘Alimental Portugal’, que reúne toda a informação estatística de 2023 do setor, apresentado em dezembro de 2024 pela Caja Rural del Sur, em Lisboa, entrevistámos José Luis García-Palacios, presidente da Caja Rural del Sur, Guillermo Tellez Vázquez, Diretor Geral e Eládio Gonçalves, Diretor de Operações em Portugal. Hoje publicamos a primeira das três entrevistas, nomeadamente, com José García-Palacios, Presidente da Caja Rural del Sur.

“Queremos atingir 800 milhões de volume de negócio em Portugal até 2026”
Está, desde 2017, à frente da Caja Rural del Sur. Qual o balanço que faz do crescimento até hoje?
Assumir a Presidência da Caja Rural del Sur sempre representou para mim um duplo compromisso: por um lado dar continuidade a um trabalho iniciado pelo anterior Presidente e ao mesmo tempo poder levar a instituição para um novo patamar. Desde 2017 que temos crescido de forma significativa, destacando-se a solidez financeira neste crescimento, apostando na expansão dos nossos serviços, mas também nos territórios de atuação. Os resultados têm sido extremamente positivos, especialmente se tivermos em conta o forte investimento que a Caja Rural del Sur tem feito em inovação e digitalização, para melhorar a eficiência operacional e a satisfação dos clientes. Sempre assumindo o compromisso de contribuir para um desenvolvimento sustentável e apoiar as comunidades e as áreas onde atuamos.
Como correu 2024 e quais são os objetivos para 2025?
Não existindo ainda dados oficiais para poder responder, o que posso adiantar é que a previsão para o fecho do ano de 2024 aponta para que este seja o que apresentará os melhores resultados desde que assumi a Presidência. Os objetivos para 2025 passam por continuar a promover o nosso modelo de apoio às sociedades, destacando o apoio que a Caja Rural del Sur continua a promover junto das cooperativas; apoiar a sustentabilidade e a redução das desigualdades – desde sempre que a Caja Rural del Sur fomenta a inclusão social e igualdade de género, e por último fortalecer a cooperação internacional, com a nossa aposta de crescimento e expansão em Portugal, não apenas através da relação com clientes, mas continuar a participar de forma proativa no desenvolvimento das relações entre os dois países.
Como está a correr a aposta em Portugal até agora e qual tem sido a recetividade?
Para mim Portugal já é uma segunda casa, a recetividade tem sido bastante positiva. Não apenas em números, mas também em tudo o que nos temos envolvido para apoiar o desenvolvimento local ou as parcerias de cooperação entre os dois países. Desde o início que trabalhamos como embaixadores para a cooperação e colaboração entre os dois países, achamos que podemos aprender muito se trabalharmos em cooperação, sendo que será mais fácil desenvolver as regiões com maior dificuldade quando caminhamos em grupo. A nossa aposta na internacionalização passa por conseguir um modelo que nos permita eliminar a fronteira mental e que possamos de alguma forma fomentar o desenvolvimento económico, especialmente das regiões com maior dificuldade. Desde promover o Portugal Agrifood Seminar da San Telmo Business School, ao lançamento do ‘Alimental Portugal’, passando pelo apoio às comunidades de regantes, agricultores, suinicultores ou até mesmo cooperativas produtoras de leite.
Quais são os objetivos para o mercado português para futuro?
O nosso plano estratégico até 2026 passa por conseguir atingir os 800 milhões de euros de volume de negócio total em Portugal. A nossa estratégia para já é continuar a trabalhar o segmento empresas, mas a longo prazo pretendemos continuar a expansão para mais áreas de negócio e, se possível, para o mercado de particulares. O nosso modelo estratégico passa por crescer de forma sustentada e consolidada, porque a nossa expansão para Portugal é para perdurar, por isso preferimos dar cada passo de forma segura, para evitar problemas que possam vir a comprometer a viabilidade da expansão. Nós já nos identificamos como uma entidade ibérica e não uma entidade espanhola que decidiu expandir para Portugal.
Contam até ao momento com escritórios em Faro, Lisboa e Porto. Há intenção de cobrir mais regiões do país?
De momento, para além da sede onde temos os serviços centrais, contamos com três centros de empresas que prestam serviços a todo o País: o Centro de Empresas da Região Sul (sede em Faro com uma equipa dedicada a toda a região a Sul do Tejo); Centro de Empresas de Lisboa (sede na capital com uma equipa dedicada a toda a região de Lisboa e Zona Centro); e o Centro de Empresas da Região Norte (sede no Porto e com uma equipa dedicada a toda a região Norte Portugal). Continuamos a estudar a possibilidade de abrir mais balcões porque queremos estar perto dos clientes, mas o nosso modelo de negócio tem que ser sustentável e por isso caminhamos de forma um pouco mais lenta, mas mais segura.
Que mais-valias tem o setor agrícola português nos objetivos da Caja Rural del Sur, e o que o distingue, por exemplo de Espanha?
O setor agrícola português é uma mais-valia para os nossos objetivos. Portugal tem uma diversidade de produção agrícola muito interessante, desde o vinho de alta qualidade, passando pelo azeite, frutas e legumes. A preocupação constante para fazer agricultura cada vez mais sustentável, recorrendo a inovação tecnológica, é outra das mais valias que reconhecemos ao setor. Juntando tudo isto ao nosso conhecimento em Espanha, achamos que podemos ser a ponte que falta para aproximar os dois países neste setor, uma vez que não se vê grande distinção entre os dois países, especialmente nas zonas limítrofes.
Nota: Entrevista publicada na edição n.º 141 da revista ‘Jovens Agricultores’ da AJAP. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, requer a autorização prévia da AJAP.