A eficiência energética na agricultura é uma temática relacionada com a otimização do uso da energia nas atividades agrícolas, visando reduzir o consumo da mesma e minimizar os impactos ambientais associados à produção dos alimentos.
Autor: Paulo Nogueira | Coordenador na Direção de Indústria e Transição Energética da ADENE
A adoção de práticas e tecnologias eficientes vai ajudar os agricultores a alcançar uma produção sustentável, a dispensar energia e a diminuir o consumo de recursos naturais, mitigando os custos de produção e diminuindo de uma forma geral o impacto ambiental da atividade agrícola.
Existem algumas formas de melhorar a eficiência energética na agricultura, entre as quais destacamos o uso eficiente da maquinaria, onde a utilização de equipamentos agrícolas modernos e eficientes consomem menos energia. A manutenção adequada desses equipamentos é essencial para garantir que eles funcionem de um modo mais eficiente.
Outro fator importante a ter em conta é a gestão da irrigação, pois a adoção de práticas de irrigação eficientes, como o uso de sistemas de irrigação por gotejamento ou aspersão controlada fornecem a quantidade certa de água no momento adequado. Isso reduz o desperdício de água e a energia necessária para bombear e distribuir água.
As energias renováveis desempenham também um papel fundamental, uma vez que a instalação de sistemas de energia renovável, como painéis solares ou turbinas eólicas, são essenciais para gerar eletricidade nas propriedades agrícolas. Estas fontes de energia limpa vão ajudar a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e os custos da eletricidade.
A eficácia no armazenamento é outra medida que melhora a eficiência energética, nos sistemas de armazenamento de grãos, frutas e vegetais, por exemplo. Isso pode ser feito através da instalação de isolamento adequado, ventilação eficiente e controle da humidade para minimizar as perdas de qualidade e a necessidade de refrigeração.
Outra medida importante a adotar para se conseguir uma melhor eficiência energética na agricultura são as práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, a utilização de adubos biológicos e o manejamento integrado de pragas irão reduzir a dependência face aos produtos químicos e fertilizantes sintéticos, diminuindo assim o consumo de energia associado à produção e aplicação desses fertilizantes.
Implementar o Agrovoltaico é outra medida fundamental e muito recomendável, pois é um conceito que combina a agricultura com a produção de energia solar numa mesma área, ou seja, é uma técnica que integra a produção de alimentos com a geração de energia limpa e renovável. Neste sistema, as placas solares são instaladas acima dos cultivos, permitindo que estes recebam a luz solar necessária para crescerem, enquanto a energia solar gerada é utilizada para alimentar os sistemas de irrigação, refrigeração e outras atividades relacionadas com a produção agrícola.
Todas as medidas anteriormente enunciadas e explicadas carecem, como é lógico, de monitorização e controle. A utilização de sistemas de monitorização e controle irá auxiliar e otimizar o uso de energia na agricultura. Estas técnicas podem incluir também o uso de sensores para monitorizar o clima, a humidade do solo e o consumo de energia em diferentes áreas da propriedade, permitindo ajustes precisos e economia de energia.
Além destas medidas é importante consciencializar os agricultores sobre a importância prática e das melhorias concretas da eficiência energética e fornecer ações de formação e recursos para auxiliar a implementação destas práticas sustentáveis. O incentivo de políticas governamentais favoráveis e programas de subsídios também vão promover a adoção de tecnologias e práticas agrícolas mais eficientes em termos energéticos.
Nota: artigo publicado no Suplemento dedicado à Transição Energética na Agricultura, na edição n.º 135 – Revista Jovens Agricultores da AJAP. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, requer autorização prévia da AJAP.