Jovens agricultores europeus protestam por condições de vida e de trabalho dignas

Numa altura em que a agricultura da UE enfrenta uma crise socioeconómica e profissional estrutural, os Jovens Agricultores de toda a Europa têm saído à rua para exigir condições de vida e de trabalho dignas.

Os protestos que se desenrolam atualmente em muitos Estados-membros são a expressão legítima de uma frustração de longa data e do sentimento de não serem ouvidos. O CEJA – Conselho Europeu dos Jovens Agricultores, que a AJAP integra, e as suas organizações membros são solidários com todos os Jovens Agricultores europeus, alertando contra as tentativas de politizar e instrumentalizar as suas reivindicações e apelando à manutenção de ações pacíficas e construtivas.

“Os preços baixos, a maior complexidade regulamentar e administrativa, as práticas comerciais desleais e os riscos mais elevados vieram acentuar a crise profissional na agricultura da UE. Com 6,5% dos agricultores com menos de 35 anos, as novas gerações de agricultores sentem-se incapazes de fazer tudo, satisfazendo as elevadas expectativas dos decisores políticos e da sociedade e mantendo, ao mesmo tempo, os seus meios de subsistência”, realça Peter Meedendorp, Presidente do CEJA, em comunicado.

Os Jovens Agricultores continuam empenhados na sustentabilidade, mas sentem que lhes foram impostos objetivos sem quaisquer meios práticos para os alcançar.

“Sentem que têm de comprometer a sua viabilidade económica e o seu bem-estar social para atingir objetivos mais elevados, receando nunca serem reconhecidos de forma justa. O baixo nível de coerência entre as autoridades públicas, as instituições bancárias e os operadores da cadeia de valor, mas também entre as políticas internas e comerciais da UE, deixou os Jovens Agricultores sozinhos na execução das nossas ambições coletivas. Temos de resolver este problema coletivamente”, considera o CEJA.

O CEJA apela aos decisores para que ouçam o desespero dos Jovens Agricultores e apresentem uma estratégia mais ampla de renovação geracional na agricultura, abordando as questões da atratividade do setor e permitindo que as explorações agrícolas tenham um desempenho tanto a nível económico como ambiental. Os Jovens Agricultores estão prontos a desempenhar o seu papel no estabelecimento de um diálogo construtivo, com o objetivo de encontrar soluções a longo prazo em vez de ganhos políticos a curto prazo. Para isso, a prioridade deve ser a conclusão de iniciativas positivas pendentes que possam criar valor acrescentado na exploração agrícola e evitar discussões partidárias.

“São necessárias conversações urgentes e difíceis para permitir que os jovens se instalem no setor, obtenham um rendimento decente, tenham acesso aos seus instrumentos de trabalho (terra, financiamento, conhecimentos) e beneficiem de uma repartição mais justa nas cadeias de valor. Todos os níveis de governação, do local à UE, devem esforçar-se por dar aos Jovens Agricultores as condições de vida e de trabalho que merecem”, conclui o responsável.