Eficiência energética: uma urgência muito para lá da Agricultura

Editorial de Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP, na edição N.º 135 da Revista Jovens Agricultores

Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP.

A energia, ou melhor, as energias que utilizamos habitualmente nos nossos dias têm de ser ajustadas, mais eficientes e, sempre que possível, substituídas por outras menos poluentes.

Uma forma de estimular os nossos cidadãos urbanos a alterar hábitos, podia passar por aferir nas suas casas o grau de desperdício alimentar, de reciclagem e reutilização de materiais e alguns produtos, do grau de separação dos lixos domésticos, da eficiência na poupança de água, de eletricidade, de gás, do consumo de internet, do consumo de combustíveis nos automóveis, entre outros. Contabilizados estes índices, as famílias deviam ser premiadas, segundo critérios associados à poupança de energia, ao desperdício e à eficiência dos gastos.

A crise energética veio a aumentar a urgência de tomarmos medidas, que vão acabar por tornar-se práticas em nossas casas e nas empresas. Estamos perto de alcançar os Edifícios do Futuro, que são “net-zero” e benéficos para o ambiente, para os ocupantes e para o resultado dos negócios.

As ações que tomarmos hoje vão ajudar-nos a cumprir as novas regulamentações europeias e até mundiais, para reduzir o consumo de energia, combater desperdícios, poupar recursos como a água e aumentar o uso de energias não poluentes.

A atividade agrícola é apenas uma gota de água neste imenso mundo de gastos, por vezes exagerado e de desperdícios desnecessários, além de ainda ser pouco utilizada a equação dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) e que se assume cada vez mais crucial à vida do planeta. Todos temos de acudir ao problema da eficiência energética, associado a um bem maior, as alterações climáticas, que por sua vez exigem mais sustentabilidade no desenvolvimento da agricultura, e obviamente uma nova forma de dinamizar os territórios rurais, extremamente ameaçados pela desertificação e abandono.

Utilizando uma expressão da Senhora Ministra – “o desenvolvimento dos territórios faz-se para lá da agricultura, mas não se faz sem agricultura” -, parece que ainda existem muito responsáveis que não entendem verdadeiramente o que está em causa.

Este número 135 da Jovens Agricultores (JA) foca este tema da Transição Energética na Agricultura, e ela está a acontecer, embora lentamente. Mas existe essa preocupação, o que é bom, mas tal como as alterações climáticas, não notamos que estes temas sejam muito prioritários no seio do conjunto do Governo.

A Senhora Ministra concede à JA uma entrevista bem estruturada, mas infelizmente o seu Ministério é muito “leve”, tem em curso algumas ações no terreno, mas o que falta fazer é muito mais, envolve muitos meios e muita diplomacia em Bruxelas. Esperamos que o Governo não desperdice esta excelente oportunidade.

*Editorial da edição 135 da Revista Jovens Agricultores. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, carece de autorização da AJAP.