“A Agricultura não pode ser feita por Teletrabalho”

Comuicado de Imprensa

Apresentado o pacote de medidas que resultou da reunião de Conselho de Ministros de 12 de março, e, apesar de o Ministério da Agricultura afirmar que existe total confiança na capacidade de resposta do sistema de abastecimento e de estar garantida a segurança e a qualidade dos produtos alimentares, a AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal relembra que a agricultura não pode ser feita por teletrabalho.

Todas as medidas apresentadas pelo Ministério da Agricultura são importantes para que o abastecimento às populações continue e siga com a calma que o momento exige.

No entanto, a AJAP aponta um conjunto de medidas de âmbito mais específico, não contemplados no comunicado emitido pelo Ministério da Agricultura, e cuja resposta merece ser imediata.

É urgente, no caso da pecuária:

  • assegurar o fornecimento dos fatores de produção de que necessitam, nomeadamente rações, suplementos alimentares, palhas, fenos e outros;
  • flexibilizar as medidas em vigor no transporte de animais vivos, quando se destina a abate ou venda
  • assegurar a aquisição de produtos veterinários.

Relativamente à produção vegetal e produção mista (vegetal e animal):

  • é preciso assegurar o fornecimento de fatores de produção para as culturas (fertilizantes, corretivos de solo, agroquímicos necessários à produção, inseticidas, fungicidas, herbicidas e outros).

De forma transversal a todos os setores:

1 – Mão-de-obra assalariada.

Alguns trabalhadores já estão a recusar a prestação dos seus serviços, apesar de existir já um bom número de empresas agrícolas que, a seu custo e obviamente perante dificuldades financeiras, cumprem todas as recomendações da OMS e da DGS, apela-se a que possam existir alguns mecanismos de apoio para que todos possam cumprir toda a tramitação legal.

2 – Problemas dos agricultores cujas vendas são maioritariamente feitas em mercados de proximidade e de pequeno retalho que agora estão encerrados;

3- Dificuldades na resolução de alguns dos seus problemas mecânicos, eletricidade, assistência técnica agrícola e veterinária, dados que muitos destes operadores se encontram encerrados.

Os agricultores querem dar, como sempre deram, o seu melhor e o Governo tem de nos ajudar, fazendo a sua parte, uma vez que a especulação dos preços e as dificuldades na importação bem como na exportação (já começam a ser canceladas encomendas) de algumas das nossas produções vão seguramente surgir.

Para que os produtos produzidos possam chegar às prateleiras dos hipermercados e ao comércio tradicional (e dadas as existentes e futuras restrições das fronteiras) solicitamos ainda um esforço acrescido por parte do Governo para que possamos aproveitar ao máximo as produções nacionais. A agricultura e atividade pecuária são hoje muito complexas pelo que, perante qualquer falha no elo da cadeia – produtor; mão de obra; distribuidor de adubos/pesticidas; viveiristas; fornecedores de equipamento de rega; grandes superfícies e outros agentes de comercialização, oficinas, etc. – quem garante a sobrevivência da população portuguesa? Face a este conjunto de questões a AJAP, as suas Parceiras necessitam tão urgente quanto possível dos devidos esclarecimentos por parte das Entidades competentes, já que, nesta área, pouco se sabe e muitas incertezas existem nos campos.