Tribunal de Contas Europeu traça diagnóstico da Agricultura Biológica na UE

A estratégia da União Europeia (UE) para a agricultura biológica tem grandes falhas e faltam visão estratégica e metas para o setor depois de 2030, conclui o Tribunal de Contas Europeu (TCE), num relatório divulgado a 23 de setembro, Dia Europeu da Agricultura Biológica.

De acordo com a auditoria, apesar de o plano estratégico atual – o terceiro, elaborado em 2021 e válido até 2030 -, para a agricultura biológica ser melhor do que o anterior (2014), faltam “objetivos adequados e quantificáveis e formas de medir os progressos” feitos no setor.

 

No Relatório Especial 19/2024, ‘Agricultura biológica na UE – Lacunas e incoerências’, citado pela Agência Lusa, o TCE salienta também a inexistência de uma visão estratégica para além de 2030, “que daria ao setor a estabilidade e a perspetiva a longo prazo necessárias para ter êxito”.

 

Os auditores concluem ainda que a única meta definida pela UE – e que não é vinculativa – é aumentar a área cultivada em modo biológico, ressalvando que os Estados-membros variam muito no desenvolvimento da agricultura biológica e ambições para a aumentar, duvidando que seja alcançado o objetivo de atingir a meta de 25% até 2030.

 

O TCE recomenda a Bruxelas que reforce o quadro estratégico da UE para o setor biológico e melhore a ligação com o apoio da Política Agrícola Comum (PAC), nomeadamente definindo uma visão a longo prazo para o setor além de 2030 (até final de 2026) e ponderando incluir objetivos adicionais para complementar a meta de dedicar 25% da superfície à agricultura biológica (final de 2027).

 

Os auditores sugerem ainda que haja uma melhor integração dos objetivos ambientais e de mercado da agricultura biológica na PAC, incluindo a avaliação da contribuição dos fundos da PAC para a sustentabilidade económica da agricultura biológica (2026).

 

A França (10,1%), a Espanha (10,8%), a Itália (18,1%) e a Alemanha (9,8%) representam no seu conjunto 76% da superfície de produção biológica na UE, que é de 19,3% em Portugal, a quarta maior entre os Estados-membros.

 

Desde a década de 1990, a UE tem incentivado o recurso a práticas agrícolas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental mantendo-se a agricultura biológica como o único método de produção agrícola que está normalizado e regulamentado.

 

O objetivo da agricultura biológica é produzir alimentos utilizando substâncias e processos naturais e contribuindo para uma maior biodiversidade e uma menor poluição da água, do ar e dos solos.

 

Em 2022, cerca de 17 milhões de hectares eram cultivados em modo biológico na UE, o que representa 10,5% do total da superfície agrícola utilizada.