A renovação geracional na agricultura assume um papel importante para assegurar a continuidade do setor. Contudo, os Jovens Agricultores devem e têm de se destacar pela energia, abertura à inovação e vontade em adotar práticas que conciliem a sustentabilidade ambiental com a viabilidade económica.

Autor: António Martins Bonito | Professor no IPVC – Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Estes novos profissionais não devem só transportar consigo o conhecimento prático das gerações passadas, mas também incorporarem a formação científica e tecnologia de ponta, garantindo uma agricultura mais inteligente e ajustada aos desafios atuais, que permitam otimizar recursos, reduzir o desperdício e aumentar a rentabilidade das explorações. Ao aliarem o saber-fazer tradicional a ferramentas tecnológicas modernas, os Jovens Agricultores tornam-se assim, agentes de mudança, contribuindo para dinamizar a economia local e, simultaneamente, promover a sustentabilidade ambiental.
Neste contexto, o PEPAC, deve surgir como um estímulo determinante. Através de apoios concretos, quer na instalação quer na formação. Ao reconhecer a importância da inovação e da sustentabilidade, o PEPAC deve e tem que oferece incentivos para a adoção de práticas de agricultura de precisão, de energias renováveis ou de sistemas de rega mais eficazes, com o objetivo de alcançar um conjunto de boas práticas que reduzam a pegada ecológica, ajudando os jovens a conciliar lucro e na conservação dos ecossistemas.
Entre as maiores forças dos Jovens Agricultores devem estar a capacidade de empreender, a facilidade em lidar com as novas tecnologias e a predisposição para cooperar entre eles. Este espírito disruptivo, deverá impulsionar os jovens a conseguirem enfrentar e responder melhor às exigências do mercado, garantindo produtos de maior qualidade e adequando a sua oferta às tendências de consumo sustentável.
Contudo, subsistem fragilidades que dificultam a fixação das novas gerações no meio rural. O acesso à terra, continua a ser um entrave considerável para quem não dispõe de propriedade agrícola ou de capital inicial suficiente. A burocracia associada às candidaturas a fundos europeus e as oscilações do mercado representam riscos que podem desencorajar os jovens a investir.
Além disso, a necessidade de criar estruturas de organização e comercialização robustas é particularmente urgente. Produzir com qualidade não basta se não houver canais de escoamento eficazes. Falta, muitas vezes, uma rede sólida que garanta o escoamento, a promoção e a distribuição dos seus produtos, a nível nacional e internacional, assim como o escoamento a preços justos e competitivos.
Para que o PEPAC alcance todo o seu potencial, é fundamental que as medidas de apoio sejam simplificadas, transparentes e adequadas às circunstâncias locais. A aposta em formação contínua, no reforço de parcerias entre produtores e no desenvolvimento de cadeias de distribuição profissionais e sustentadas é igualmente imprescindível. Deste modo, os Jovens Agricultores poderão constituir a vanguarda de um setor agrícola mais moderno, inovador e ambientalmente responsável.
Acredito que, se o entusiasmo e a capacidade de inovação forem devidamente apoiados, o setor agrícola tem tudo para prosperar, tornando-se mais competitivo e garantindo a sustentabilidade ambiental que o nosso futuro coletivo exige.
Nota: Artigo publicado no Suplemento Jovens Agricultores, Revista n.º 141 da AJAP. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, requer a autorização prévia da AJAP.