Editorial da edição n.º 136 da Revista Jovens Agricultores, da AJAP. Por, Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP.
É um marco para a AJAP atingir 40 anos, o limite de instalação para um Jovem Agricultor!
40 anos de resiliência, de sacrifício, de muito esforço e empenho, desde logo da nossa massa associativa, desde os mais jovens até aos menos jovens como aderentes, também das nossas Entidades Recetoras distribuídas pelo País, de Norte a Sul, e desde as zonas mais Litorais até ao Interior profundo.
Uma palavra de apreço às nossas parceiras das Ilhas, as diferentes Associações de Jovens Agricultores nos Açores, e à AJAMPS na Madeira e Porto Santo, na Europa destacamos todas as associações de jovens associadas ao CEJA – Conselho Europeu de Jovens Agricultores, da qual a AJAP é associada desde a sua constituição e, por último, além-fronteiras com as associações de Jovens Agricultores em Moçambique, a AJANG – em Angola, a AJAG – Guiné Bissau, a AJASTP – em São Tomé e Príncipe, e no Brasil, com várias pelos diferentes Estados.
Desde a afirmação da figura do Jovem Agricultor em Portugal (figura originária em França), passando pela sua divulgação por onde passamos, a AJAP tornou-se um embaixador de excelência desta figura, e tudo faz para que possa surgir onde oficialmente ainda não está instituída. O rejuvenescimento do setor, a melhoria das condições de vida dos jovens, a dignidade do setor enquanto atividade económica, são bandeiras que a AJAP considera suas de pleno direito, paulatinamente conquistadas ao longo das quatro décadas de existência.
Importa assinalar a luta da AJAP pela afirmação e surgimento da figura JER – Jovem Empresário Rural, culminando parte deste processo com a sua publicação no Decreto-Lei n. 9/2019 de 18 de janeiro, em resultado da nossa preocupação constante com a necessidade de rejuvenescer e dinamizar os territórios mais deprimidos do País. Denominados territórios de Baixa Densidade, inseridos na ampla definição de Zonas Rurais, essas dinâmicas económicas e sociais devem, na perspetiva da AJAP, passar pela instalação de mais Jovens Agricultores, bem como pela instalação de Jovens Empresários Rurais.
O reconhecimento público da AJAP ao longo dos anos foi seguindo em crescendo, desde cedo considerada Instituição de Utilidade Pública, para pouco tempo depois assumir o Estatuto de ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento, e um pouco mais tarde passou a ser considerada uma organização membro do CES – Conselho Económico e Social. A AJAP é ainda associada, por vezes parceira, de várias instituições, destacamos algumas, como o CEJA – Conselho Europeu de Jovens Agricultores, a Euromontana que representa as regiões de Montanha na UE, bem como no âmbito das relação de proximidade que sempre tivemos com os países da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa. A AJAP é também ONGD em Moçambique, reconhecimento a cargo do Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país, para além do conjunto de atividades no âmbito da cooperação que vem desenvolvendo em Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Brasil.
A luta contra os efeitos devastadores das alterações climáticas, que se fazem sentir com mais acutilância em Portugal no contexto europeu, assumem uma preocupação permanente na AJAP, pois entende que apesar de se estar a fazer alguma coisa, ainda muito trabalho e desafios temos pela frente, pois estão em causa muitas áreas de culturas, essencialmente de sequeiro que se podem perder, para além de continuarmos a ter muitas áreas de floresta quase abandonadas onde os matos e os incêndios vêm desequilibrando ecossistemas e perdas na fauna e na flora.
São já longas décadas da nossa existência, mas muitas das preocupações ainda se mantêm com a agricultura nacional e com o rejuvenescimento dos nossos agricultores. Estas dinâmicas ou a falta delas continuam muito presentes e necessitam do empenho e determinação da AJAP, tendo como seus guerreiros na linha da frente o seu staff técnico, presente no terreno, a quem em nome de toda a estrutura da AJAP, prestamos a merecida homenagem e o reconhecimento pelo seu enorme trabalho junto dos agricultores.
Temos cada vez mais períodos de seca, e menos chuvas, com chuvas mais concentradas, devemos avançar o mais depressa no armazenamento de maiores quantidades de água, apostar no regadio e na eficiência dos sistemas de rega, no real conhecimento das necessidades de água das culturas, e obviamente nas mais diversas formas de poupança da água e da sua reutilização, porque afinal é necessária, mas temos de a saber gerir. A água é também tema nesta última edição de 2023, sendo que o maior destaque entronca no reconhecimento que para todos nós significa a AJAP atingir 40 anos.
Obrigado a todas e a todos, as(os) Senhoras(es) Ministras(os) pelas palavras de apreço e reconhecimento pela AJAP, obrigado a todos os nossos associados amigos e colaboradores!
Bom Natal! Votos de 2024 com esperança, saúde e boas colheitas!
Nota: editorial da edição n.º 136 da revista Jovens Agricultores, da AJAP. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, está sujeita a autorização da AJAP.