Editorial da edição n.º 142 da Revista Jovens Agricultores da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, assinado pelo Presidente, Henrique Silvestre Ferreira.

A agricultura atravessa hoje uma das suas transformações mais profundas. Se no passado o arado e a tração animal simbolizavam o progresso, hoje os novos instrumentos de trabalho são invisíveis à vista desarmada: algoritmos, sensores, satélites, drones e redes neurais.
A Inteligência Artificial está a redefinir os limites da produção agrícola, oferecendo respostas mais rápidas, decisões mais precisas e práticas mais sustentáveis. Estamos a testemunhar o surgimento de um “ecossistema” onde dados e tecnologia se aliam à tradição e ao conhecimento dos produtores agrícolas. Sistemas inteligentes já fazem a monitorização das culturas em tempo real, prevendo pragas, otimizando o uso de água e dos fatores de produção, e até sugerindo o momento ideal para o plantação e colheita. Tudo com base em dados recolhidos por sensores, imagens de satélite e históricos climáticos processados por Inteligência Artificial.
Mas a revolução não se resume à automação. A grande promessa da Inteligência Artificial na agricultura é democratizar o acesso à inovação. Pequenos e médios produtores, que historicamente enfrentam maiores desafios para se modernizar, começam a ter acesso a soluções acessíveis e personalizadas, muitas delas desenvolvidas por startups agro-tecnológicas. Mergulhamos no universo onde ciência de dados encontra o solo fértil da produção agrícola, reunimos informação para mostrar como a inteligência artificial está a ser aplicada no campo, importa ainda estudar os desafios éticos e sociais desta transformação e, sobretudo, como podemos usá-la para garantir um futuro mais eficiente, justo e sustentável para todos.
À medida que os algoritmos aprendem a interpretar padrões biológicos e ambientais, novas possibilidades se abrem: desde o melhoramento genético de sementes até a rastreabilidade completa da cadeia produtiva. A Inteligência Artificial pode contribuir para o desenvolvimento de culturas mais resistentes às alterações climáticas, adaptadas a solos específicos e menos dependentes de produtos químicos, promovendo assim um modelo de agricultura mais resiliente e regenerativa.
Entretanto, a transformação também impõe desafios importantes. A proteção de dados agrícolas, a capacitação dos trabalhadores, é fundamental que a inovação tecnológica caminhe em sintonia com o desenvolvimento e aplicação de políticas públicas também inteligentes, mas não artificiais. Afinal, a Agricultura sempre soube reinventar-se e agora, com Inteligência Artificial, está mais inteligente do que nunca!
Nota: Editorial da edição n.º 142 da Revista Jovens Agricultores. O Dossier Central desta edição é ‘Agricultura e Inteligência Artificial’. A sua reprodução, parcial ou na íntegra, requer a autorização prévia da AJAP.