FACIM 2023: Firmino Cordeiro diz que “a UE tem de se voltar mais para África”

Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), participou a 29 de agosto, no seminário temático ‘Criação de Cadeia de Valor no Agro-Processamento para Grandes Projetos e Exportação’, que teve lugar durante a 58.ª edição da FACIM – Feira Internacional de Maputo, Moçambique. 

Na sessão de abertura do seminário estiveram o Embaixador da União Europeia em Moçambique, Antonino Maggiore, o Presidente da Federação Nacional das Associações Agrárias de Moçambique (FENAGRI), Hernani Mussanhane, a Diretora Nacional dos Pequenos Agricultores do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Regional (MADER), Lúcia da Luz Mendes Luciano, e Simone Santi, Presidente da EuroCam – Associação dos Empresários Europeus em Moçambique.

Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP, começou por felicitar o Embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique (Antonino Maggiore) pela sua intervenção inicial, sublinhando que “a UE tem de se voltar mais para África”.

“Neste mundo global, a União Africana está a dar os seus passos e a fazer o seu caminho. Portugal está inserido na UE, que também teve de dar muitos passos para que hoje tenhamos uma solidariedade comum, uma participação monetária comum e uma repartição desse bolo financeiro em função das prioridades que a UE vai tendo e também em função das especificidades de cada país”, disse Firmino Cordeiro, lembrando que “nem todos os países têm o mesmo grau de necessidades”.

O Diretor-Geral da AJAP lembrou ao público presente neste seminário que a Política Agrícola Comum (PAC) “sempre foi um bastião dos fundos da UE, centrados na Agricultura, para que possam assegurar aos cidadãos europeus produtos de qualidade, com normas de qualidade e exigência aos produtores e que são, no fundo, exigências dos consumidores”.

“Recordo que, no contexto europeu, também já tivemos algumas catástrofes alimentares que nos ajudaram a que tivéssemos todo o cuidado com a produção. Isto está mais do que interiorizado por todos os operadores do mercado, desde os fatores de produção, aos consumidores, aos próprios agricultores, todos conhecemos as regras, que são muito claras e apertadas (quem não cumprir não tem os apoios da UE). O que é bom, porque nos faz trabalhar em prol da segurança alimentar tão necessária e sermos exigentes com o que comemos. E não acontece só na Europa, noutras comunidades do mundo (como o Mercosul, a União Africana) isso vai também acontecendo, embora mais lentamente. Outro exemplo é a norma Global G.A.P., a mais universal e cada vez mais utilizada em vários países e abrangendo os produtos das grandes explorações para que possam ser exportados e comercializados em várias geografias”, acrescentou Firmino Cordeiro, lembrando que se trata de uma segurança para quem compra e mais uma garantia de venda.

Potencial enorme no contexto da CPLP

Nesta linha, o dirigente da AJAP recordou o papel da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), “onde existe um potencial enorme de produção agrícola e que, na minha opinião, não está a ser aproveitado”. Além disso, alertou para um dos grandes perigos que a Agricultura enfrenta: as alterações climatéricas. Algo, vincou, “que é muito limitativo da existência humana. Há, por isso, que tomar medidas para que olhemos para esta realidade e façamos tudo para salvar o Planeta”.

Este seminário foi organizado pela EuroCam em parceria institucional com a FENAGRI.

AJAP, FENAGRI e iDE assinam Memorando de Entendimento em prol da promoção do mundo rural

No final do evento, foi assinado um Memorando de Entendimento entre a Federação Nacional das Associações Agrárias de Moçambique (FENAGRI), a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) e a International Development Enterprises (iDE) Moçambique.

Os principais objetivos deste Memorando de Entendimento entre as três entidades são:

  • Colaborar para melhorar a oferta educativa à população rural moçambicana, com particular ênfase nas mulheres e jovens, através da partilha de conhecimentos nacionais e internacionais, formação e melhoria das metodologias e materiais de aprendizagem
  • Promover sistemas de agricultura regenerativa, incluindo práticas agrícolas, cadeias de valor, desenvolvimento de mercado para insumos orgânicos e economias circulares que beneficiem as comunidades rurais
  • Reforçar as organizações e redes locais que trabalham no domínio da agricultura e do desenvolvimento rural
  • Promover o emprego e o empreendedorismo dos jovens através de oportunidades de subsistência diversificadas
  • Promover sistemas para gerar valor acrescentado na agricultura, mas não se limitando a tecnologias de processamento acessíveis

O documento foi firmado por Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP, Isabel Curran, Diretora de Operações e Conformidade da iDE e Hernani Mussanhane, Presidente da FENAGRI.