Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, participou na tarde de 24 de maio, numa conferência-debate, na Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC), sobre o tema ‘A integração das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Rural (CCDR): o território e os efeitos sobre os agricultores’.
O evento foi organizado pela ESAC, Associação Portuguesa de Economia Agrária (APDEA) e pelo Colégio Nacional de Engenharia Agronómica da Ordem dos Engenheiros.
O objetivo desta conferência-debate centrou-se na reflexão sobre as consequências da integração das DRAP nas CCDR, nomeadamente, ao nível da gestão e desenvolvimento dos territórios rurais e da relação dos agricultores com a Administração, atendendo aos grandes desafios que se colocam à Agricultura, e num contexto de implementação do PEPAC.
A integração das DRAP nas CCDR trará riscos? A agricultura perderá influência e recursos perante as prioridades da saúde e da educação? Haverá dispersão ou concentração dos técnicos, com consequência no serviço público prestado aos agricultores? Poderá haver um efeito reativo de concentração de algumas competências, até aqui desconcentradas nas DRAP? Promoverá uma maior coordenação das políticas públicas de desenvolvimento local? Haverá sinergias positivas na concentração de recursos nas CCDR, com efeitos positivos na eficácia do serviço público? Poderá contribuir para um maior equilíbrio entre regiões e uma maior coesão territorial? Estas foram algumas das questões debatidas no evento.
“Os agricultores não foram ouvidos neste processo”
Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP, lamentou, na sua intervenção, que as organizações e os agricultores “não tenham sido ouvidos pelo poder político sobre esta decisão”.
Nesta linha, questionou: “nos últimos anos, o que tem acontecido aos agricultores em Portugal? São cada vez menos, nomeadamente, os que estão na Pequena e Média Agricultura. E aos Jovens Agricultores? Também não conseguimos aumentar o seu número. Se isto não é atrativo para os mais velhos nem para os mais novos, o que fica no meio disto tudo? Está tudo a encaminhar-se para existirem os grandes agricultores no País e é bom que existam – nada contra -, que se desenvolvam e se aproximem de uma agricultura cada vez mais sustentável, mas depois ficamos com um território abandonado num País tão pequeno”.
Firmino Cordeiro reforçou que todo este cenário “é uma lástima porque não se ouviram as organizações”. “Queremos expulsar os agricultores destas regiões? Não é preciso, uns estão a sair e outros estão a morrer”, lamentou, adiantando que, neste processo, “não se faz nada para rejuvenescer as regiões, mesmo nada”.
O Diretor-Geral da AJAP realçou que “defendem-se medidas de política florestal estranhíssimas”, ao mesmo tempo que “depois um agricultor que queira fazer uma pequena construção, tem regras que nunca mais acabam”. “Isto é brincar com as pessoas, é fazer política de cima para baixo e não aproveitar o nosso território, já de si tão pequeno. O que parece é que quem decide não conhece o território”. E conclui, dizendo que “não podemos pactuar com esta realidade”.
Veja o vídeo da intervenção do Diretor-Geral da AJAP.