Page 27 - Revista AJAP 123

PODEMOS FALAR EM STRESS HÍDRICO NA EUROPA?
N esse sentido, aliás foi lançado o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água desenhado para ser aplicado ao longo do período 2012/2020 que agora termina. Nele se identificava que o desperdício de água no setor agrícola atingia quase 40%, havendo o objetivo de o reduzir para 35% até ao corrente ano de
ÁGUA
NUM CENÁRIO EM QUE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS IRÃO REDUZIR AS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS NO NOSSO PAÍS, A QUESTÃO DA EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA TORNA-SE AINDA MAIS PREMENTE EM TODOS OS SETORES ONDE ESTE RECURSO É EXPLORADO, SEJA AO NÍVEL URBANO, AGRÍCOLA OU INDUSTRIAL.
“ NÃO PODEMOS DEIXAR AOS INVESTIDORES E AOS MERCADOS QUE DITEM A FORMA COMO OS 2020. NOSSOS REGADIOS ESTÃO A SER UTILIZADOS. O ESTADO TEM AQUI UM PAPEL A CUMPRIR (..).”
A importância de se concretizarem as me-
didas aí elencadas não se cinge apenas ao
valor económico associado aos setores agrí-
cola ou industrial ou à garantia de forneci-
mento de água para consumo humano, mas
também à manutenção dos ecossistemas e
dos serviços ambientais que os mesmos nos fornecem.
Sendo conhecido que o setor agrícola, no total da agricul- tura e pecuária, correspondem a cerca de 74% do consumo total de água sendo o setor com maior consumo, esse facto dá-lhe também maior responsabilidade na concretização das metas apontadas.
A redução das perdas nos sistemas de distribuição e as novas tecnologias utilizadas nos regadios estão a ser fundamentais para reduzir o desperdício, mas não pode- mos deixar à tecnologia a única chave para combatermos este problema.
Há que refletir na forma como a política agrícola está a ser implementada adequando as variedades e as culturas utili- zadas não só aos solos, ao clima e aos condicionalismos de ordenamento do território, mas também aos consumos de água que lhes estão associados. Não podemos deixar aos investidores e aos mercados que ditem a forma como os nossos regadios estão a ser utilizados. O Estado tem aqui um papel a cumprir na regulamentação e acompanhamen- to deste setor, sendo esta também uma medida de mitiga- ção prevista em vários programas nacionais relacionados com a mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Francisco Ferreira, Presidente da Zero
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