Page 26 - Revista AJAP 123
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   E NA AGRICULTURA?
É sabido que a Agricultura é um enor- me consumidor de água, dado que não há outra forma de manter a produção intensiva em épocas secas, asseguran- do a água no crescimento das culturas.
Na agricultura existe ainda a questão da utilização de pesticidas e fertilizan- tes que continua a ser uma das causas principais da má qualidade da água. Só com a adoção de boas práticas agrícolas e de soluções políticas con- gruentes será possível obter ganhos de eficiência no uso da água no setor da agricultura.
Uma das formas estudadas e já apli- cadas, em países do sul da Europa tal como Portugal, é começar por uma irrigação eficiente, envolvendo práti- cas que podem ir desde o transporte à utilização do terreno. Provas já foram dadas: utilizar fertilizantes orgânicos e inorgânicos, rotação das culturas e criação de faixas-tampão, podem re- solver não só um melhor uso da água, como reduzir o impacto da poluição na água causado pela prática agríco- la. Uma outra forma é a utilização de águas residuais na agricultura e deixar os recursos de água doce para outras utilizações (natureza e uso doméstico). Se o tratamento das águas for adequa-
CASO PORTUGUÊS,
A CAMINHO DO STRESS HIDRÍCO?
Dados recentes de 2019, referem que 40% do território português enfren- tou uma seca severa ou extrema (no Algarve prolongou-se até 2020); estes podem vir a tornar-se cenários cada vez mais frequentes. Transformar aáguadomaremáguadoceéuma das alternativas, mas o processo de dessalinização é ainda muito dispen- dioso, mesmo recorrendo energias renováveis para o fazer. Outras das ideias apontadas é a transferência de regiões com água abundante para re- giões com menos água, assim como tratar e reutilizar as águas residuais na agricultura. Mas a melhor ideia até ao momento para garantir o abasteci- mento de água a todo o país, a curto prazo, é mesmo reduzir o consumo. No caso da agricultura, em território nacional, esta é responsável por per- to de 80% da água gasta em Portugal. Os sistemas de rega são cada vez mais eficientes e os agricultores já começam a fazer as escolhas de irrigação mais adequadas às suas plantações. [+]
   CONSUMO
EM CASA:
   Cada português
consome 187 litros de água por dia
Cada torneira gasta num minuto 12 litros de água
Um duche de 5 minutos gasta 60 litros de água (se fecharmos a torneira poupamos 36 litros)
Uma descarga de autoclismo gasta até 15 litros de água
Uma máquina de roupa, com uma lavagem normal utiliza 34 litros de água
Uma máquina da loiça gasta entre 6,5 litros a 12 litros de água, a mesma loiça lavada à mão gasta 103 litros de água
                     do, as águas residuais podem de facto ser uma alternativa para a agricultura.
MELHORAR AS POLÍTICAS
O plano é haver água suficiente para alimentar os nossos ecossistemas e providenciar o consumo. Para tal, as políticas devem ser todas em prol da eficiência. A Diretiva-Quadro da Água da UE (DQA) foi elaborada para esse fim, através de incentivos à mudança das práticas agrícolas. Mas torna-se imperativo que se trabalhem os preços da água ao nível da Política Agrícola Comum e a nível nacional. A utilização eficiente dos recursos hídricos na agri- cultura é apenas um detalhe na redu- ção do impacto negativo no ambiente.
Portugal poderá vir a sofrer de stress hídrico até 2040 se os comportamen- tos não forem alterados e se o consu- mo não reduzir. Enquanto que para alguns países a escassez de água já é uma realidade, Portugal ainda tem uma oportunidade para prevenir os piores efeitos, tomando hoje medidas para garantir um futuro com água. Ao reduzirmos o desperdício de água e promovermos uma utilização mais sustentável a todos os níveis, podemos fazer uma grande diferença no futu- ro da segurança do abastecimento de água em Portugal.
FONTES: AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE; AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE; COMISSÃO EUROPEIA
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PORTARIA QUE ESTABELECE O PROGRAMA DE AÇÃO PARA AS ZONAS VULNERÁVEIS DE PORTUGAL CONTINENTAL
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