Page 23 - Revista AJAP 123
P. 23
COMPARATIVO
1
Apesar das inúmeras
da agricultura com pequenas unidades agrícolas e em pequenas unidades de turismo. O Interior precisa de unidades intensivas em trabalho e, em particular, especializado, por forma a inverter a tendência demográfica que provoca as assimetrias regionais.
Na parte sul do país predomina
a agricultura extensiva, agora fortemente transformada por via dos investimentos públicos no perímetro de rega do Alqueva. A monocultura veio transformar
a paisagem extensivamente monótona. Desenvolveram-se em torno desta agricultura núcleos de turismo rural muito procurados por residentes das cidades. O português urbano pretende
obter do silêncio da paisagem alentejana forças para a sua atividade diária, normalmente agitada pela própria dinâmica da cidade. Também nesta região do país assistimos durante o verão último uma grande dinâmica do turismo rural.
iniciativas tendentes a inverter a atratividade da grande cidade e do litoral do país a favor do seu Interior, as mesmas, salvo raras excepções, não têm tido sucesso. Podemos dividir o país pelo traçado do rio Tejo e a Norte,
o domínio da pequena propriedade agrícola é determinante para o insucesso de algumas vontades, pelo que será então necessária
a alteração de políticas de desenvolvimento que passem
pelo cadastro da propriedade, com identificação de parcelas incultas e dos seus proprietários, com vista a um emparcelamento que levem à criação de unidades agrícolas com dimensão que permita a sua competitividade.
Presidente do Grupo Crédito Agrícola
Após a COVID-19, e oxalá que seja rápido, iremos assistir novamente a um retrocesso das atividades do Interior, a não ser que as políticas públicas se invertam no sentido de criar unidades com necessidades de mão obra que se fixe e dinamize essas regiões.
Infelizmente sou de opinião que não iremos assistir a um desenvolvimento inesperado do Interior porque não estão criadas bases sustentáveis para o efeito.
2
Para além destas políticas
é necessário garantir que
as pessoas que vivem no Interior têm acesso às grandes vias de comunicação “internet” em condições de velocidade e preço competitivo com as áreas urbanas. A criação de oportunidades de trabalho alternativo ao agrícola será uma forma de acrescentar a atratividade pelo Interior, cabendo aqui o JER que potenciado pode ser uma alavanca no sucesso das regiões do Interior.
No verão de 2020 o
português urbano foi descobrir o Interior profundo das Beiras e de Trás-os-Montes. A sensação foi de “bonito de ver, mas pouco atrativo para viver”. Apesar de pequenos nichos de mercado no setor de turismo, a ocupação no verão foi elevada, mas rapidamente esses valores se degradaram a ponto de tornar inviável os investimentos efetuados. Não podemos olhar para o Interior do país pensando apenas no desenvolvimento
LICÍNIO PINA
3
23