Page 12 - Revista AJAP 123
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NUNO RUSSO
naturais, como o solo, a água e os re- cursos biológicos, até às plataformas de comercialização. Mas tal tem de ser visto, não apenas na perspetiva da tecnologia em si, mas da potenciação da nossa capacidade de gestão e de in- tervenção no sistema produtivo. Existe um potencial muito grande, através do digital e da integração de inteligência tecnológica em toda a cadeia de valor. Talvez não faça muito sentido salien- tar algumas ferramentas ou tecnolo- gias específicas porque temos situa- ções muito diversas, desde o tipo de produções, até aos mercados que que- remos atingir e as características de cada jovem agricultor e da sua explo- ração agrícola. O essencial é estarmos atentos às possibilidades que estão a
PROGRAMA NACIONAL DE REGADIOS
surgir, nomeadamente por diversos tipos de serviços, e questionarmos o que permite melhorar o processo pro- dutivo, melhorar o rendimento. Não pensar tanto na tecnologia, mas mais na gestão dos recursos e na valoriza- ção do produto.
Um dos grandes objetivos da agen- da é “instalar 80% dos novos jo- vens agricultores em territórios de baixa densidade”. É entendimento da AJAP que esse objetivo é extre- mamente difícil de alcançar se não se diferenciar por regiões do País o montante do prémio, a percen- tagem no apoio ao investimento a fundo perdido e se não existir um verdadeiro modelo de acompa- nhamento técnico e voluntário aos jovens agricultores – após recebe- rem a informação que o seu projeto foi aprovado. Concorda com estas preocupações da AJAP? Em que me- dida estão a ser pensadas pelo Mi- nistério da Agricultura alterações ao modelo existente do PDR2020 de instalação de Jovens Agricultores?
“ UM OUTRO FATOR, É O ACESSO AO
CONHECIMENTO, E COMO
BEM REFEREM, UM
MODELO DE FORMAÇÃO
E ACOMPANHAMENTO TÉCNICO, QUE POSSA SER CUSTOMIZADO, AJUSTANDO-SE ÀS ESPECIFICIDADES DE CADA REGIÃO, DE CADA SISTEMA PRODUTIVO, DE CADA JOVEM.”
Sim, conforme referido, uma das li- nhas de ação fundamentais para se atingir a meta referida é o ajustamen- to dos instrumentos financeiros, no- meadamente a discriminação positiva para a instalação de jovens agriculto- res em territórios de baixa densidade. Um outro fator, é o acesso ao conheci- mento, e como bem referem, um mo- delo de formação e acompanhamento técnico, que possa ser customizado, ajustando-se às especificidades de cada região, de cada sistema produti- vo, de cada jovem.
E aqui há duas vertentes importantes: a aprendizagem e formação na área agrícola e do negócio. Muitos dos jo- vens que se instalam têm formação noutras áreas, mas têm elevadas ca- pacidades de aprendizagem e de tirar partido das diversas tecnologias. E a outra vertente é a capacidade de reagir às mudanças, que são cada vez mais frequentes, onde se torna muito rele- vante a integração em redes de conhe- cimento e a criatividade, mas também em Associações representativas do se- tor e Organizações de Produtores.
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